Moisés Silveira de Menezes

  • Coronel da Brigada Militar, graduado em Letras Português/Espanhol, poeta , compositor, pesquisador.
  • Nascido em Lavras do Sul , passou a infância e adolescência entre os municípios de Tupanciretã,
    São Pedro do Sul e Quevedos, onde tem suas raízes afetivas, suas cacimbas de inspiração.
  • Apaixonado pela terra e gente da Pampa Larga, publicou TAPERA DA ILUSÃO, 1985, e IMAGENS DO SUL, 2000, em poesia. O seu trabalho DAS MARGENS DO NILO ÀS BARRANCAS DO URUGUAI - UMA VIAGEM PELA GEOGRAFIA DO VERSO, ensaio histórico – poético, é uma declaração de amor à longa caminhada do verso, desde o antigo Egito até nossos dias.
  • Obra premiada no IV Bivaque da Poesia Gaúcha, de Campo Bom, que obteve aprovação como tese no plenário do Congresso Tradicionalista do MGT, em Santa Cruz do Sul, em 1998. Neste mesmo ano teve sua 1ª edição.
  • Em 2006, dentro do projeto “IGTF ANO 30”, produzido pela Nativismo Editora sai a 2ª edição da referia obra.
  • Jurado de eventos de música, poesia e arte declamatória.
  • Membro efetivo da Estância da Poesia Crioula, da Casa do Poeta Rio-grandense, da Casa do Poeta de Santa Maria, da ABRIL-Academia Brigadiana de Letras, da Casa do Poeta de São Pedro do Sul e da Associação Cultural Zeca Blau de Quevedos.
  • Sua obra poética nativista está reunida em parte nos CDs IMAGENS DO SUL e POEMAS & CANÇÕES, nos quais estão registrados músicas e poemas finalistas de festivais, interpretados por algumas das mais importantes vozes da arte declamatória e do canto do sul do país.
  • Integra o Grupo 15 RENASCIDOS que edita a revista literária CAOSÓTICA.
  • O autor tem no prelo para muito breve Peregrinas Inquietudes, poesia comentada, Mesa de Inconfidências (titulo provisório), reunindo memórias pitorescas de Tupanciretã e sua gente e Quevedos na História, contando a história daquele município.

  • email: moisesmenezes@gmail.com
  • Carta Aberta Ao Guri Que Fui

    Autoria: Moises Silveira de Menezes

    Quando vim de lá, trouxe quase tudo,
    tudo que cabia na velha mala sebruna
    e nos anseios de horizontes largos.
    Ficou um potro cabos negros
    ausentado de quem cavalgava
    "alpedo",ao sabor dos ventos.
    Ficaram os meus tão queridos
    que ainda hoje, povoam meus recuerdos
    junto a outras tantas bem querenças
    que me foram acrescidas pela estrada.
    Ficou um amor não resolvido eternizado
    em sonetos tolos e ingênuos.

    Fui guri plantado a beira do rio
    onde a prata dos lambaris
    cintilava ao ouro-sol do verão,
    bailando ágeis pelas corredeiras,
    emolduradas de aguapés e sarandis.
    Na retina guardei imagens
    de malmequeres desfoihados,
    o gosto doce das frutas silvestres,
    o aroma de anis e maçanilha
    que compuseram sutil sinfonia
    criando contornos às próprias ausências
    e aconchegando as minhas distâncias.

    Aos torvelinhos se intercalam na lembrança
    lentas imagens da paisagem da querência,
    capões de mato enclausurando centenárias casas
    onde dormitam amarelados retratos nas paredes
    como guardiões de uma história meio bruta
    perenizada na dureza dos relatos.
    Rios preguiçosos onde se espelham cerros grandes
    e costeiros fantasmas perambulam
    na boca larga dos causos e das lendas.
    Deste cenário eu vim, partido, repartido
    ombreando o fado de moldar sonho e destino
    ao som longínquo de um clarim em retirada.

    Hoje tenho certeza, que não vim de todo
    ficou uma parte, partida, vagando
    nos campos floridos da infância
    talvez por isso, vez por outra
    volte a pequena e plácida cidade,
    esculpida no alto da coxilha
    entre a Serra Geral e o Planalto,
    busco elos, peças em falta
    no intricado quebra-cabeças
    que paciente e perseverante
    vou montando ao longo dos dias,
    para entender donde vim e pra onde vou.

    Me reencontro em parte, aos poucos
    quando o disperso imaginário
    me transporta em fantasia,
    olhar sonhador, plasmado
    na frágil e grácil silhueta
    da professorinha da escola rural
    que serena e mansamente
    desfiava contas e contos,
    talvez sem se dar conta
    de um amor primeiro e singular
    que aprisionou-se nos subconsciente dos funções
    para renascer ao ensejo de lembranças fugazes.

    Por isso à noite quando o sol se põe
    e a lua branda se recorta ao céu
    dou asas longas a meus devaneios.
    Despacito vou me enfurnando "lejo"
    no campo largo das reminiscências
    onde vagueiam inocentes pirilampos.
    Campeio um jeito de volver atrás,
    junto coragem pra rever estragos
    que cimentaram no caminho andado,
    pois, só um rosto numa foto antiga
    amarfanhada no desalinho das gavetas
    liga o real e o meu faz de conta.

    Se eu não voltar para ficar, contudo
    viverei poetando esta saudade linda
    que acalma a dor e aproxima os longes,
    mas, volta e meia, inverterei o rumo
    trançando estradas como um peregrino,
    buscando imagens, gestos, paisagens
    que amenizem o passar dos anos.
    Jogarei linhas de espera nos remansos,
    irei a escola ver se alguém desfia
    contos e contas como antigamente
    e ao retomar terei certeza, enfim,
    haver encontrado o guri que fui.

     

    Na noite do dia 21 de Dezembro de 2011, as comemorações alusivas ao encerramento do mês de aniversário
    do município de Tupanciretã-RS, tiveram seu ponto alto. O primeiro momento destes festejos aconteceu no
    Centro Cultural Dr. José Mariano de Freitas Beck o lançamento do livro “Tupan-Cy-Retan: Face Missioneira”,
    do escritor Moisés Silveira de Menezes.

    O evento contou com a presença de integrantes da Administração Municipal, autoridades, membros do
    Centro Lítero-Cultural José do Patrocínio e da Casa do Poeta de Santa Maria, representantes da imprensa local
    e comunidade em geral.

    Após a abertura oficial da solenidade, o escritor foi apresentado aos participantes através de um vídeo que
    retratou sua vida e obras e trouxe trechos do livro ora lançado, numa homenagem do Executivo Municipal e
    da Secretaria Municipal de Educação.

    Emocionado, Moisés reforçou o amor pela terra que o acolheu e escolheu como referência, uma vez que é
    natural de Lavras do Sul e, vindo para Tupanciretã muito pequeno, adotou a cidade como o berço
    onde firmou raízes. Também agradeceu ao prefeito Luis Adolfo pelo desafio lançado em 2009 para que
    escrevesse o livro, pois isso permitiu que realizasse uma pesquisa que valorizou a história missioneira
    do município até então desconhecida por muitos.

    Em seu pronunciamento, o prefeito municipal Luis Adolfo Bittencourt Dias enalteceu a habilidade de Moisés
    em traduzir nas páginas do seu livro a verdadeira origem do município, rodeada de fatos religiosos,
    políticos e da força de um povo que se desenvolveu sob princípios sólidos de grandeza humana.
    O prefeito Luis Adolfo assinalou ainda que o estudo histórico realizado pelo escritor serve de base
    não somente para Tupanciretã conhecer sua origem, mas para toda a região e para o Estado perceberem
    as influências que alicerçam o povo rio-grandense.

    Após as manifestações das autoridades, os presentes participaram da sessão
    de autógrafos e foram recebidos em um saboroso coquetel.

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